A caderneta de Joffre

Joffre Mozart Parada

Como a maioria deve saber, o vovôzito de uma de nossas gangsters - Carol Parada - foi um dos pioneiros na construção da nossa Capital Federal - Brasília.
Saiu no jornal Correio Braziliense, direto do blog da Conceição, uma intrigante matéria sobre as cadernetas que o engenheiro Joffre Parada anotava sobre a construção de Brasília, entre muitas fotos. Um dos documentos da época em que Brasília ainda estava no papel e no sonho de Juscelino Kubitschek.
Os referidos documentos foram DOADOS pela vovó Mercedes Parada a João Gondim, jornalista e amigo de Joffre, que queria montar um museu com a história de Brasília. Agora que Gondim faleceu, seus herdeiros querem VENDER as peças DOADAS! (um grande absurdo!)

Abaixo segue a reportagem retirada direto do blog.

"Um dos mais importantes documentos sobre a construção da cidade está guardado num depósito nos arredores de Brasília. São as cadernetas nas quais o engenheiro Joffre Mozart Parada anotou a demarcação do Plano Piloto. Deveria estar ao lado dos manuscritos e dos desenhos do projeto do Plano Piloto, de Lucio Costa. Têm, um e outro, imensurável importância histórica e afetiva.

(Joffre Mozart Parada foi um dos mais importantes engenheiros da construção de Brasília. Veio para Brasília junto com Bernardo Sayão, no final de 1956. Foi um dos primeiros a montar barraca no cerrado. Varou dias e atravessou noites desapropriando fazendas e demarcando o Plano Piloto. Era homem de temperamento discreto. Morreu jovem, em 1976, aos 52 anos, de infarto).

As cadernetas estão sendo disputadas na Justiça. Estão com os herdeiros do fotógrafo João Gondim, pioneiro que deixou documentos escritos, publicações, gravações e objetos que dizem respeito à construção da cidade. O Departamento Histórico e Artístico do Distrito Federal reivindica a posse das cadernetas de Joffre. Elas foram doadas pela viúva do engenheiro, dona Mercedes, a João Gondim. O Depha considera que elas não pertenciam nem mesmo ao engenheiro. Como era objeto de trabalho, pertence ao Estado.

Há mais uma década os herdeiros de Gondim tentam vender o arquivo completo do pai. Movidos pela proximidade dos retumbantes festejos dos 50 anos, apresentaram recentemente nova proposta: R$ 3,8 milhões, “livre de impostos”. É o preço de quatro apartamentos de luxo no Sudoeste, muito dinheiro, com certeza. A disputa judicial pelas cadernetas e o destino do precioso acervo bem poderia ser resolvido com dois gestos de boa vontade. O primeiro, por parte dos herdeiros de Gondim. Numa demonstração de que tem verdadeiro respeito pela dedicação do pai à história da construção de Brasília e à cidade em que vivem, entregariam às cadernetas ao Depha.

Em contrapartida, o governo do Distrito Federal se empenharia em comprar o acervo ou em procurar compradores entre seus parceiros. E a negociar com a família um preço mais razoável.

Alguém poderá argumentar que a família Gondim quer ganhar dinheiro com a história da cidade. É um direito dela. Herdeiros de grandes bibliófilos vendem biblioteca herdadas. Outros, os mais desapegados, escolhem instituições respeitáveis e entregam, graciosamente, o patrimônio cultural. O que importa ao Estado, no entanto, não é julgar a intenção da família Gondim. O que importa é a história da cidade que, amontoada em depósito, vai se deteriorando, à espera de ser resgatada para o bem público, para Brasília, os brasilienses e os brasileiros — aqueles que, fora do quadradinho, tanto desprezam a cidade que construíram."

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